quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Vendada no Paraíso


Minha visão está limitada
Encontro-me num espaço escuro
Tento andar em linha reta
Agarrando com cautela o ar que sinto, para atingir uma meta...

Mergulho na minha própria submissão
Com meus olhos inutilmente abertos
Sensação tenho, apenas de mim mesma...
Estou vendada
Invisibilidade desarranjada.

Sinto cheiros,
Cheiro do verde
Da terra

Peculiar essência da mata, adentrei em um ambiente florestal
Meus pés apalpam o desconhecido da escuridão
Além do chão, meço cada passo neste espaço vazio
Grande vazio do cego, solidão.

Dimensão exorbitante quando não se enxerga
Alastrando o fundo do ar
Meu corpo teima na dubiedade da imensidão deste vácuo
E minhas mãos de fricção delicada no silêncio árduo

Mantenho-me no espreito, tentando controlar o meu medo
Encontro algo enérgico
Apalpo com dedos sábios
Sinto o tronco áspero de uma bela árvore

Bela na minha imaginação
Como a vejo
Como a desejo
Como a quero

Gotas do orvalho molham minha face
Vida, sensação pura de Vida
O cheiro se intensifica
Meus pulmões se dilatam

Vem os sons da floresta
Ouvir, é só o que me resta
Sentir, através da minha alma, que se manifesta

Ando em círculos para poder me comunicar com os bichos
Pés dormentes pela terra úmida e fria
Calafrios sobem pela minha espinha
Atingindo sentimentos que a minha mente cria

Permaneço de olhos fechados
Eles já não me servem mais
Meu tato, me nutre
Mãos e pés achatados

Com meu corpo inquieto
Continuo cega
Rezo para enxergar...
O Futuro molda o Presente
E aqui, irei me entregar.

4 comentários:

Canto da Boca disse...

Ju, nada é inútil, nada!
Sinta e viva tudo da melhor forma.

(Ah, e nao tem como nao ser gentil contigo, és carinho em forma de pessoa humana)
Beijinhos.
;)

Anônimo disse...

... é juji,o espaço em que a gente permace as vezes nos faz confundir do utopico,do lucido. Sensivel como a gente é,tudo é perigoso. Tem que ir devagar para nao pisar em falso. Ninguem pode adivinhar o que se passa na mente dos pássaros,do verde,do ser humano.
Mas se refletirmos e percebermos que daquela margarida,pode virar um bouquet de flores do campo...deixe fluir como o verde na primavera,o sol no verão,as folhas caídas no outono,o ar frio no inverno.........nossa vida é como as estações,elas se transformam constantemente,trazendo surpresas distintas.
Á essência da vida é o viver sempre,com um pé no chão e o outro em uma outra dimensão.....

Anônimo disse...

Pare de procurar fora p que está dentro de vc!

Carol Vargas disse...

Quem compartilha das mesmas sensações sabe que o mundo externo não é o mesmo quando o primeiro toque se dá através dos olhos. Sentir o mundo a partir da escuridão completa é uma experiência completamente nova que toca a alma. Assim, o externo não está fora e profundamente dentro!